Brasil e países da América do Sul sofrem com a COVID-19, genocídio e perseguição política

Na resistência e na luta pela vida, populações realizam mobilizações e se auto organizam para sobreviver a governos capachos do capital

A crise provocada pela pandemia da COVID-19 desnudou a lógica capitalista do lucro acima da vida e a total incapacidade do modelo liberal/ultra-liberal de gerir crises, pois vimos e vemos como a mão invisível do mercado não resolveu os problemas concretos impostos por um vírus, e como os estados abandonaram os trabalhadores sem condições para se manter em quarentena e recorreram à violência oficial para garantir os lucros dos bancos e grandes empresas, os poderosos do capital. Hoje, países da América do Sul como Brasil, Chile, Colômbia e Equador entram como exemplo desta situação no mundo.

Brasil: Coronavírus e Genocídio

Enquanto Bolsonaro e seus “bons companheiros” revelavam seus planos para recrudescer o autoritarismo e radicalizar no receituário neoliberal, a política genocida de segurança pública do “tiro na cabecinha” implementada pela polícia assassina de Witzel, governador do estado do Rio de Janeiro, tirava a vida de jovens, favelados e pretos, como João Pedro Mattos, 14 anos, morador do complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, morto no dia 18 de maio em uma ação policial, tendo seu corpo abandonado no heliporto do grupo de salvamento dos bombeiros no bairro da Lagoa, zona sul do Rio, há 40 km de onde morava.

No dia 21 de maio, em uma operação policial, mais um jovem preto, João Vitor Gomes da Rocha, 18 anos, foi morto a tiros. O Movimento Frente Cidade de Deus, um projeto que faz ações sociais na comunidade, afirma que distribuía os alimentos aos moradores na área conhecida como Pantanal quando o tiroteio começou, e que João passou em meio a um fogo cruzado.

Em vídeo registrado após a morte, um dos voluntários se desespera. “Eles são genocidas, entram matando na favela”, diz, enquanto outro integrante da Frente tenta acalmá-lo: “Eles são genocidas e nós somos somos alvo do Estado, sempre foi assim. Nós somos pretos, mano. Então se acalma! Eu não vou te perder, mano” – denunciando o racismo estrutural do Brasil e a política genocida do governador Witzel.

2.500 presos políticos no Chile em meio à pandemia

Após gigantescos protestos que denunciaram a falência de seu modelo neoliberal que remonta a ditadura militar comandada por Augusto Pinochet, o Chile, em tempos de pandemia, sob o governo de Sebastian Piñera, persegue e mantém presos sob péssimas condições sanitárias mais de 2.500 pessoas que combateram democraticamente os ataques do governo e resistiram à brutal repressão policial. Segundo denúncias de vários organismos internacionais que acompanham o movimento social chileno, o Poder Judicial mantém os lutadores presos há meses e as Cortes de Apelação têm revogado resoluções dos Tribunais de Garantia, mantendo a prisão preventiva sem qualquer julgamento.

Atualmente, o país tem 78 mil casos confirmados, registrando entre 4 e 5 mil novos casos por dia. As mortes, que já são 806 no total, variam entre 40 e 50 diariamente.

Assassinatos de líderes sociais na Colômbia e auto-organização

Na Colômbia continuam uma série de assassinatos de líderes sindicais e de movimentos sociais. O mais recente caso é o do líder mineiro Edwin Emiro Acosta, assassinado nesta terça (26) por paramilitares no Município de Tiquisio, departamento de Bolivar. Os homicídios de líderes sociais na Colômbia aumentaram 53% durante o primeiro trimestre de 2020, de acordo com um relatório recente da Fundación Ideas para la Paz (FIP).

Entre janeiro e abril deste ano, 49 líderes sociais foram assassinados na Colômbia, superando os 32 mortos durante o primeiro trimestre de 2019, segundo o relatório “Dinâmica do confronto armado e seu impacto humanitário e ambiental”.

Também no país a crise econômica exacerbada pela pandemia tem provocado centenas de protestos. Segmentos da população têm usado todos os tipos de formas para exigir alimentos, e o grito de “Precisamos de comida” é ouvido em todos os cantos do país. Em muitas localidades, as famílias recorreram a colocar trapos vermelhos nas janelas para pedir ajuda, e a protestar batendo em panelas nos seus bairros.

Em Medellin estudantes têm promovido atividades de solidariedade e apoio popular e ao mesmo tempo estão conscientizando sobre a necessidade da organização e do protesto popular como forma de luta. Lá são organizados grupos de moradores para realizar brigadas de coleta de alimentos e realizam campanhas de solidariedade através de redes sociais.

Povo do Equador vai às ruas contra o seu abandono

Na última segunda (25) as ruas de Quito, capital do Equador, receberam uma grande manifestação que denunciou o governo do presidente Lenin Moreno como grande responsável pela situação de calamidade que a COVID-19 e a crise econômica que afeta a vida dos trabalhadores e da população mais pobre.

“Se o coronavírus (COVID-19) não nos matar, quem irá nos matar será o governo”, disse um sindicalista em Guayaquil em um vídeo do ato publicado em uma mídia social.

Vários sindicatos estiveram envolvidos na organização dos protestos. A Frente Única dos Trabalhadores pediu que o governo deixe de pagar a dívida externa e atenda à emergência sanitária. Mas a política de Moreno para enfrentar a crise é o inverso disso: está reduzindo em 25% a jornada e o salário dos servidores públicos. No domingo, ele anunciou que a crise já deixou 150 mil desempregados e que será preciso extinguir algumas empresas estatais. Outras reformas que serão feitas incluem a redução de metade da jornada de trabalho com redução de 45% dos salários.

 

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