Economista denuncia roteiro para o fim da Petrobrás

Privatização está em andamento e firme nos trilhos

Desde 2016, quando começaram a propagandear que a Petrobrás estava falida, o economista aposentado Cláudio Oliveira aprofundou estudos sobe os balanços divulgados pela empresa. No dia 14 deste mês, ele analisou o resultado do 1º trimestre 2020, divulgado pela Petrobrás, e constatou que continuam nos enganando.

Os números apresentados pela Petrobrás mostram prejuízo de R$ 48,5 bilhões – o maior em um 1º trimestre da história da empresa. Mas, lembremos que recentemente foi anunciado o resultado do exercício de 2019 com lucro de R$ 40 bilhões – o maior da história da Petrobrás. “É tudo falso”, afirma o economista Cláudio Oliveira. Ele explica: “o lucro foi obtido com a venda de ativos e não pelo desempenho operacional da companhia; o prejuízo foi causado pelo registro de ‘impairments’ (redução do valor recuperável dos ativos) calculados com base em premissas absurdas, não utilizadas por qualquer petroleira mundial”.

Segundo Oliveira, que tem falado sobre o objetivo das direções recentes de destruir a Petrobrás em oportunidades como na AEPET TV e na Rádio Petroleira do Sindipetro-RJ, a Petrobrás, de fato, apresentou lucros constantes de 1991 a 2013, estruturada para isso mesmo em situações adversas, mas a partir de 2016 teve início um desmonte acelerado e hoje a empresa encontra-se desfigurada, sem possibilidades de apresentar lucro com suas atividades operacionais. Mesmo assim, Oliveira chama a atenção para o anúncio de um prejuízo histórico, pois “os números esperados eram muito menores do que o registrado agora no 1º trimestre”. Lembramos que as manobras com “impairments” começaram em 2014, na gestão de Graça Foster, quando a “conta da corrupção” foi lançada aleatoriamente no balanço contábil da empresa, assim como uma assustadora baixa no valor dos ativos..

O engodo de mudar o cálculo dos “impairments”

Com a ocorrência de fatores que impactaram o mercado de petróleo e a economia mundial, a Petrobrás julgou ser oportuno avaliar a recuperabilidade de seus ativos logo neste primeiro trimestre, cálculo que sempre foi feito anualmente no último trimestre. Cláudio Oliveira explica que para fazerem este cálculo, utilizaram como premissas o preço do Brent, mantido a US$ 25 durante 2020 e o câmbio mantido em R$ 5,09 em 2020. A base de cálculo existente considerava um preço de Brent fixo em US$ 65 e um câmbio evoluindo de R$ 3,85 em 2020 a R$3,60 em longo prazo.

Para o economista, estas considerações da atual administração da Petrobrás são um “verdadeiro exercício de adivinhação da conjuntura futura”. A companhia alterou seu conjunto de premissas macroeconômicas de planejamento prevendo que haverá “lenta recuperação da demanda, com uma moderada mudança de hábitos em economias desenvolvidas, no qual acredita-se que o equilíbrio de longo prazo se dê em um patamar de demanda menor”.

Comparativamente, Oliveira cita duas outras petrolíferas e suas estratégias. A Exxon Mobil que registra mais do que o dobro de reservas da Petrobrás, contabilizou “impairments” de apenas US$ 2,9 bilhões neste 1º trimestre; a Shell registrou somente perdas referentes ao exercício de 2020, desprezando previsões a partir desta data e contabilizou – segundo Oliveira de forma bastante acertada – apenas US$ 750 milhões neste 1º trimestre.

“Se os prejuízos esperados eram muito menores do que o registrado agora no 1º trimestre de 2020, para que a Petrobrás antecipa todo esse prejuízo?” Pergunta o economista que já tem a resposta: “utilizaram para cálculo dos ‘impairments’ a pior das hipóteses para 2020, quando o mais provável é que nos próximos trimestres os números melhorem, provocando estornos de ‘impairments’ e gerando lucros contábeis”.

Para Cláudio Oliveira está claro que “o cálculo dos ‘impairments’ pode ser manipulado de diversas formas. Nem a pandemia, nem a briga na OPEP alteram os objetivos de acabar com a Petrobrás como uma gigante no setor. Roberto Castello Branco segue nos trilhos do desmonte das estatais, planejado por Guedes e assinado por Bolsonaro. “Na administração de recursos humanos, em qualquer empresa, é recomendada competência e liderança. Na Petrobrás atual estes valores foram substituídos por assédio, coação e terrorismo”, conclui Cláudio Oliveira, citando a recente aprovação na mudança de modelo de gestão da AMS e criticando essa postura na Petrobás de pisar no ACT 2019/2020 à revelia dos sindicatos e de toda a categoria.

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